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Universo 25 - Experimento
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Experimento Universo 25: a utopia dos ratos

Já imaginou viver em um ambiente com comida disponível quando desejasse e água para beber à vontade? Um pesquisador fez essa experiência utilizando ratos. O Universo 25 reuniu inicialmente quatro animais da espécie, que foram se multiplicando até chegar aos 600.

Quais problemas os animais enfrentaram? Por que eles morreram? Confira as respostas a seguir.

Universo 25 – Experimento

O experimento Universo 25 foi desenvolvido para identificar como é o comportamento de animais vivendo em superpopulações num espaço inadequado. Esse teste durou dois anos, servindo de alerta para a humanidade que vem crescendo de forma desenfreada, enquanto o espaço onde vivemos continua sendo o mesmo.

O que é Universo 25?

Universo 25 era o nome de uma caixa gigante, projetada para ser a “utopia roedora”. Seu criador, John B. Calhoun tinha uma mente maquiavélica. Esse foi o seu 25º projeto envolvendo ambientes para ratos.

Essa era uma construção complexa, dividida em níveis, contando com rampas, até chegar ao tal Universo 25, um ambiente cheio de comida, que uma hora ficou superlotado.

Quem foi John B. Calhoun?

O norte-americano John B. Calhoun nasceu no dia 11 de maio de 1917 e morreu em 7 de setembro de 1995. Psicólogo e etólogo, ganhou fama ao longo da vida devido aos estudos sobre a densidade demográfica, na maioria da vezes utilizando ratos de laboratório. Acreditava que os modelos utilizados em suas pesquisas representavam o que poderia acontecer com a população mundial.

Ele criou o termo ralo comportamental, que descreve comportamentos estranhos realizados quando superpopulações estão presentes, para identificar os indivíduos isolados da sociedade. Conforme foi se destacando, passou a realizar conferências no mundo inteiro, atuando inclusive como consultor para grupos da Nasa. Seus experimentos serviram para diversas teorias.

O ralo comportamental

John B. Calhoun utilizou esse termo para descrever o colapso resultante da superlotação das populações. Foi criado no dia 1º de fevereiro de 1962, junto com o lançamento do artigo Densidade Populacional e Patologia Social, em uma revista semanal. Não demorou para que esta ideia de sociologia urbana passasse a ser utilizada ligada a conceitos de psicologia.

Conforme analisou, as ratas não conseguiam manter a gravidez ou não conseguiam dar à luz. As que conseguiam parir, perdiam suas funções maternas. Os machos poderiam até se tornar canibais. “Nos experimentos, quando o ralo comportamental se desenvolvia, a mortalidade infantil chegava a altas porcentagens de 96% entre os grupos mais desorientados da população”, escreveu.

Como era o Universo 25?

Esse foi o experimento mais complexo de John B. Calhoun. Em 1972 ele construiu um ambiente perfeito para os ratos. Era uma área de três metros quadrados, com paredes medindo um metro e meio e uma área de “ninhos”, que poderiam ser acessadas por meio de rampas. Se atingissem o topo, encontrariam um ambiente com água abundante, comida e sem predadores.

Inicialmente ele colocou oito camundongos de laboratório, sendo quatro de cada sexo. Com o passar do tempo eles passaram a se reproduzir. A cada 55 dias a população dobrava. Atingindo nada menos do que 620 ratos no dia 315. Ele aguardava pelo dia que o colapso aconteceria, já que a população não tinha um líder. Alimentação não faltaria, apenas espaço.

O aumentou continuava

Como era de se esperar, a cada ciclo de reprodução o número de ratos era maior. De acordo com o criador, que sabia muito sobre o que estava fazendo, os problemas apareceriam quando fossem quatro mil ratos. Porém, quando a população chegou aos 600 ratos, ainda havia bastante espaço disponível, mesmo assim, eram 145 dias até dobrar novamente.

Esse foi o limite máximo de animais encontrados no ambiente. Um pouco mais da metade do espaço foi preenchida. Após o pico, os ratos foram morrendo aos poucos e com quase nada de reproduções, dois anos depois nenhum sobreviveu. Desde o começo havia uma intensa briga pelas fêmeas, territórios e proteção aos filhotes.

Como era a vida com 600 ratos?

O auge do Universo 25 foi de 600 ratos. Nesse momento o responsável pelo projeto percebeu alterações nos comportamentos. Os machos se tornaram mais passivos e já não ligavam tanto para as fêmeas. As ratas passaram a expulsar os filhos dos ninhos antes do momento adequado, um processo que gerou problemas devido a rápida maturação dos novos animais.

Os filhotes que eram inseridos na sociedade dos ratos antes da hora, precisavam lidar com a hostilidade e a violência. Assim, muitos ratos chegavam na idade adulta já com problemas físicos e muitos arranhões. Os ratos novos eram cada vez mais passivos e não queriam saber de interação social. É bom frisar que estamos falando de animais e não de crianças.

Ratos homossexuais

Um dos principais fatores identificados pelos pesquisador foi o aumento de casos homossexuais envolvendo os ratos. As fêmeas passaram a ser mais agressivas, até mesmo com os seus filhotes. Quando eram ameaçados por outros bichos, conseguiam proteger apenas metade.

Os machos não conseguiam manter as relações com as fêmeas e nem os seus territórios. E esses que não conseguiam dominar eram cada vez mais passivos, alguns se tornando homossexuais.

Quem eram os belos?

Calhoun começou a chamar alguns ratos de belos. Acontece que alguns dos animais não faziam nada o dia inteiro, no máximo se alimentavam. Receberam esse nome porque não possuíam cicatrizes alguma, diferente de outros que viviam por lá. Não faziam sexo, não tinham agressividade e nem outros interesses. Mal sobreviviam.

Para que servia o Universo 25?

O maior objetivo do experimento Universo 25 era determinar qual seria o limite máximo de indivíduos num mesmo espaço. Mas, infelizmente não foi possível chegar a este limite, já que os animais entraram em colapso antes disso. Após o fim da reprodução, foi um passo para o fim dos testes.

Esse pode ser o fim da humanidade?

O experimento Universo 25 concluiu que mesmo havendo comida para todos, a falta de espaço pode acabar com uma população.

Anos depois, pesquisadores indicaram que o ambiente tinha espaço adequado, porém, com poucas passagens e aberturas pequenas, alguns ratos acabavam sendo bloqueados em alguns “quartos”. Os mais dominantes não permitiam as passagens.